Foi
o ano mais difícil até então na vida de João de Castro. Quase
todos os dias Luis ia ao bar, bebia e chegava chorando na sua casa
para desabafar. Para João isso tudo era um tormento, pois ao mesmo
tempo que sabia ter com o amigo uma relação diferente dos meninos
da sua idade ele não tinha coragem de tomar qualquer atitude que o
levasse as vias de fato.
Seu
desejo era reprimido pelo medo de perdê-lo. Ele acreditava que era
melhor tê-lo ao seu lado a chorar nos seus ombros do que nunca mais
poder conversar com Luis se este o rejeitasse. João foi levando
aquela situação até onde pode. Desde que Clara Assunção os
despertou para o que um representava ao outro, as intimidades já não
eram as mesmas. Com 16 anos já não tomavam banho juntos nem dormiam
na mesma cama. Certa vez, Luis convidou João para ir à um sítio
com sua família. A noite, deitados em camas separadas João ficou a
observar Luis.
Deitado
ali ao seu lado, dormindo, Luis tinha a ternura e a singeleza de
poucos meninos. João olhou seu rosto e ao ver a sua boca pequena mas
rosada teve a sensação de ter os lábios úmidos de desejo e aquilo
era bom. Viu como os seus braços já eram fortes e não mais braços
de um menino. Braços de homem! Quando descia um pouco mais os olhos
pelo corpo de Luis teve a sensação de vê-lo despertar. Rapidamente
fechou os olhos e após uns instantes de silêncio voltou a abrí-los
e viu que Luis virara para o outro lado da cama. Teria o amigo
percebido que estava sendo observado? Sentiu o coração disparar e
ficou angustiado por ter de esperar até o dia seguinte para ver qual
seria a reação do outro. Nesta noite não dormiu. Ao amanhecer
começou a relaxar e mal caiu no sono, ouviu a mãe do amigo a
chamá-los para o café-da-manhã.
Mães,
essas tristes senhoras, são capazes de perceber em um simples gesto
ou jeito de falar as reais intenções de seus filhos. É verdade que
nem sempre elas expõem-se e preferem fingir não ter percebido nada
para que a situação fique como está e não piore. Elas costumam
iludir-se que tudo é uma questão de tempo e que as coisas mudarão
de uma hora para outra e, ao invés de conversarem com os filhos e
tentarem entender a real situação para orientá-los e dar-lhes
apoio, preferem o silêncio.
Era
por isso que a mãe de Luis não gostava muito de João e tratava-o
com desprezo e indiferença, como fez naquele café da manhã. Luis
então, ao notar como sua mãe tratava o amigo, rapidamente passou a
conversar com João.
-
Você devia vir comigo um dia para ver. Os caras chegam na fábrica
as seis da manhã e depois de trabalhar a manhã toda têm de comer
farinha e feijão com a mão. Fico puto!
-
Mas, se isso fosse tão ruim pra eles, Luis, eles fariam algo pra
mudar, não?
-
É exatamente sobre isso que tenho lhe dito João. Eles precisam
fazer algo, mas ninguém toma a iniciativa.
Continuaram
a conversar e embora o assunto realmente interessasse a João, este
sentiu um alívio por ver que tudo estava normal entre eles. Fora
tolice sua pensar que o amigo tinha visto algo. Enquanto jogavam bola
no jardim, Luis falou-lhe que seu pai deixara que nesta noite eles
fossem ao centro da cidade, na praça onde ficavam todos.
-
Você tem de ver João, como tem gata nessa cidade!
Embora
não quisesse ir, não iria negar nada a seu amigo e foram. Luis
bebeu de tudo que encontrou: caipirinha, cerveja, vinho e até pinga
pura. Quando o pai veio buscá-los, eles entraram no carro e tentaram
disfarçar, mas o pai do menino percebeu e, ao contrário do que
pensaram, achou engraçado o filho bêbado e perguntou aos dois
quantas tinham beijado. Por sorte, só Luis falou das meninas que
tinha conseguido e não precisaram contar ao pai dele que João
ficara a noite toda só olhando para as pessoas.
Já
de volta ao quarto do sítio os dois deitaram-se e João de Castro ía
começar a dormir quando escutou o amigo a chorar.
-
Ta tudo bem, Luis?
Ele
não respondeu. Ao contrário, seu choro ficou ainda mais forte. João
se levantou da cama e sentou ao seu lado.
-
O que foi? Ta mal por causa da Clara ainda? Já faz um ano que vocês
não estão juntos, esquece!
-
Não é por causa dela não.
-
E o que é então?
-
Não sei te dizer. To sentindo uma dor no peito como se estivesse
angustiado por algo, sabe?
-
Ah, passa a mão nele assim, circularmente e...
Quando
João tocou o peito do amigo e começou a falar, este segurou sua
mão.
-
Que foi, Luis?
Luis
Guimarães abaixou o braço do amigo e começou a acariciar seus
longos cabelos. Quando sua mão chegou a nuca de João ele o puxou
contra seu rosto e o beijou. Um beijo intenso, mas lento. Beijavam-se
com força, ora um tomando a iniciativa, ora o outro. João tirou a
camisa do amigo e começou a passar a língua no seu pescoço e
depois desceu-a até o bico do peito. Neste momento Luis soltou um
gemido que foi rapidamente abafado pela mão de João. Com a língua
foi acariciando todo o corpo do amigo, até que arrancou-lhe o short
e começou a chupá-lo todo. Sentia todo o pau do menino dentro da
boca a latejar de tesão. Luis o segurava pelos cabelos e quando
pareceu-lhe não poder mais aguentar com a boca do amigo a chupar-lhe
puxou-o para cima e o deitou de costas na cama. Arrancou a roupa de
João e o penetrou. A dor que João sentiu naquele momento só não
foi maior que o prazer de ter-lhe ali, como sempre imaginou. Luis
agora não era mais terno. Ele segurava os cabelos do amigo e metia e
tirava o pau dele com força, sem dó. Ao mesmo tempo mordia-lhe o
pescoço e as costas e João nada dizia, apenas segurava com força
no lençol e contorcia-se de dor e prazer. Luis tinha tanto desejo
que logo anunciou que ia gozar, mas não demorou muito e estavam a
gozar juntos: João de Castro no lençol e Luis Guimarães dentro do
amigo.
Após
alguns segundos apenas se olhando, Luis disse:
-
Semana que vem viajo, por isso estava mal.
-Ué,
mas viajar não tem nada demais.
-
Não é uma viagem qualquer. Vou ficar pelo menos um ano em Moscou,
num intercâmbio, e não queria ir embora sem que você soubesse que
te queria, só que também não sabia como dizer, não tinha certeza
até ontem a noite quando...
-
Você tá de sacanagem Luis? Como assim, Moscou?
- Melhor
a gente dormir antes que minha mãe perceba que estamos acordados.
Vai pra sua cama.
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