quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Capítulo 3


Foi o ano mais difícil até então na vida de João de Castro. Quase todos os dias Luis ia ao bar, bebia e chegava chorando na sua casa para desabafar. Para João isso tudo era um tormento, pois ao mesmo tempo que sabia ter com o amigo uma relação diferente dos meninos da sua idade ele não tinha coragem de tomar qualquer atitude que o levasse as vias de fato.
Seu desejo era reprimido pelo medo de perdê-lo. Ele acreditava que era melhor tê-lo ao seu lado a chorar nos seus ombros do que nunca mais poder conversar com Luis se este o rejeitasse. João foi levando aquela situação até onde pode. Desde que Clara Assunção os despertou para o que um representava ao outro, as intimidades já não eram as mesmas. Com 16 anos já não tomavam banho juntos nem dormiam na mesma cama. Certa vez, Luis convidou João para ir à um sítio com sua família. A noite, deitados em camas separadas João ficou a observar Luis.
Deitado ali ao seu lado, dormindo, Luis tinha a ternura e a singeleza de poucos meninos. João olhou seu rosto e ao ver a sua boca pequena mas rosada teve a sensação de ter os lábios úmidos de desejo e aquilo era bom. Viu como os seus braços já eram fortes e não mais braços de um menino. Braços de homem! Quando descia um pouco mais os olhos pelo corpo de Luis teve a sensação de vê-lo despertar. Rapidamente fechou os olhos e após uns instantes de silêncio voltou a abrí-los e viu que Luis virara para o outro lado da cama. Teria o amigo percebido que estava sendo observado? Sentiu o coração disparar e ficou angustiado por ter de esperar até o dia seguinte para ver qual seria a reação do outro. Nesta noite não dormiu. Ao amanhecer começou a relaxar e mal caiu no sono, ouviu a mãe do amigo a chamá-los para o café-da-manhã.
Mães, essas tristes senhoras, são capazes de perceber em um simples gesto ou jeito de falar as reais intenções de seus filhos. É verdade que nem sempre elas expõem-se e preferem fingir não ter percebido nada para que a situação fique como está e não piore. Elas costumam iludir-se que tudo é uma questão de tempo e que as coisas mudarão de uma hora para outra e, ao invés de conversarem com os filhos e tentarem entender a real situação para orientá-los e dar-lhes apoio, preferem o silêncio.
Era por isso que a mãe de Luis não gostava muito de João e tratava-o com desprezo e indiferença, como fez naquele café da manhã. Luis então, ao notar como sua mãe tratava o amigo, rapidamente passou a conversar com João.
- Você devia vir comigo um dia para ver. Os caras chegam na fábrica as seis da manhã e depois de trabalhar a manhã toda têm de comer farinha e feijão com a mão. Fico puto!
- Mas, se isso fosse tão ruim pra eles, Luis, eles fariam algo pra mudar, não?
- É exatamente sobre isso que tenho lhe dito João. Eles precisam fazer algo, mas ninguém toma a iniciativa.
Continuaram a conversar e embora o assunto realmente interessasse a João, este sentiu um alívio por ver que tudo estava normal entre eles. Fora tolice sua pensar que o amigo tinha visto algo. Enquanto jogavam bola no jardim, Luis falou-lhe que seu pai deixara que nesta noite eles fossem ao centro da cidade, na praça onde ficavam todos.
- Você tem de ver João, como tem gata nessa cidade!
Embora não quisesse ir, não iria negar nada a seu amigo e foram. Luis bebeu de tudo que encontrou: caipirinha, cerveja, vinho e até pinga pura. Quando o pai veio buscá-los, eles entraram no carro e tentaram disfarçar, mas o pai do menino percebeu e, ao contrário do que pensaram, achou engraçado o filho bêbado e perguntou aos dois quantas tinham beijado. Por sorte, só Luis falou das meninas que tinha conseguido e não precisaram contar ao pai dele que João ficara a noite toda só olhando para as pessoas.
Já de volta ao quarto do sítio os dois deitaram-se e João de Castro ía começar a dormir quando escutou o amigo a chorar.
- Ta tudo bem, Luis?
Ele não respondeu. Ao contrário, seu choro ficou ainda mais forte. João se levantou da cama e sentou ao seu lado.
- O que foi? Ta mal por causa da Clara ainda? Já faz um ano que vocês não estão juntos, esquece!
- Não é por causa dela não.
- E o que é então?
- Não sei te dizer. To sentindo uma dor no peito como se estivesse angustiado por algo, sabe?
- Ah, passa a mão nele assim, circularmente e...
Quando João tocou o peito do amigo e começou a falar, este segurou sua mão.
- Que foi, Luis?
Luis Guimarães abaixou o braço do amigo e começou a acariciar seus longos cabelos. Quando sua mão chegou a nuca de João ele o puxou contra seu rosto e o beijou. Um beijo intenso, mas lento. Beijavam-se com força, ora um tomando a iniciativa, ora o outro. João tirou a camisa do amigo e começou a passar a língua no seu pescoço e depois desceu-a até o bico do peito. Neste momento Luis soltou um gemido que foi rapidamente abafado pela mão de João. Com a língua foi acariciando todo o corpo do amigo, até que arrancou-lhe o short e começou a chupá-lo todo. Sentia todo o pau do menino dentro da boca a latejar de tesão. Luis o segurava pelos cabelos e quando pareceu-lhe não poder mais aguentar com a boca do amigo a chupar-lhe puxou-o para cima e o deitou de costas na cama. Arrancou a roupa de João e o penetrou. A dor que João sentiu naquele momento só não foi maior que o prazer de ter-lhe ali, como sempre imaginou. Luis agora não era mais terno. Ele segurava os cabelos do amigo e metia e tirava o pau dele com força, sem dó. Ao mesmo tempo mordia-lhe o pescoço e as costas e João nada dizia, apenas segurava com força no lençol e contorcia-se de dor e prazer. Luis tinha tanto desejo que logo anunciou que ia gozar, mas não demorou muito e estavam a gozar juntos: João de Castro no lençol e Luis Guimarães dentro do amigo.
Após alguns segundos apenas se olhando, Luis disse:
- Semana que vem viajo, por isso estava mal.
-Ué, mas viajar não tem nada demais.
- Não é uma viagem qualquer. Vou ficar pelo menos um ano em Moscou, num intercâmbio, e não queria ir embora sem que você soubesse que te queria, só que também não sabia como dizer, não tinha certeza até ontem a noite quando...
- Você tá de sacanagem Luis? Como assim, Moscou?
- Melhor a gente dormir antes que minha mãe perceba que estamos acordados. Vai pra sua cama.


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